DA GUERRA, DAS OBVIEDADES, DAS VULGARIDADES E DAS VIGARICES

 

 

 

       Perdoem-me os que considerarem que esse meu texto está meio desalinhavado. Costumo ser mais cuidadosa. Vou soltá-lo mesmo assim a quem por sua leitura puder se interessar porque as questões que nele levando me ardem o cérebro, porque ele já me queima nas mãos e porque não param de acontecer e de se avolumar fatos e mais fatos que mais poderiam ser nele incluídos sem desvirtuá-lo. Portanto, dou-o por terminado, acreditando sinceramente que ele reúna suficientes razões e estímulo à reflexão muito mais a respeito do processo insano de autodestruição em que nos metemos por absoluta ignorância das questões políticas mais básicas – que sempre orientam as opções econômicas e, principalmente, as opções eleitorais – do que do momento que estamos atravessando. Compreender esse processo, creio, ou tentar compreendê-lo de forma ampla e concatenada, pelo menos a partir de dado momento, há algumas décadas, em que ele aparentava apresentar condições para que fosse interrompido, é muito mais importante que analisar o momento que, ao que tudo nos indica, só tenderá a se agravar. Esse momento é nada mais que parte, é nada mais que continuidade do mesmo processo. Que nos vem prometendo não permitir que algo de nós se mantenha minimamente íntegro.

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"95% de uma liderança é um dispositivo audiovisual; 95% de uma campanha eleitoral é um dispositivo audiovisual e 95% do que pode dizer uma organização política é também um dispositivo audiovisual. Muito mais importante do que as propostas e de que um eventual desenho de um programa de governo alternativo é o discurso" – Pablo Manuel Iglesias Turrion, cientista político, Secretário-geral do “Podemos”, partido político espanhol

 http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1675334-alvo-de-esquerda-e-direita-podemos-enfrenta-eleicoes-gerais-na-espanha.shtml

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      É fato, e fato indiscutível é, que um discurso proferido no idioma castelhano – que alguém resolveu chamar de “espanhol” apesar de que Espanha reúna em seu território diferentes idiomas co-oficiais – será, por certo, muito bonito, sonoro, solene, elegante, empolgante, muito embora o sotaque de algumas regiões nos possa parecer meio meloso demais, choroso demais… O idioma castelhano vai bem com um bolero, com um tango, tem o dom de nos despertar emoções. Em prosa e em versos. Aliás, com facilidade, qualquer coisa de qualquer natureza que nele seja dita ganha tons de um belo dramalhão, de consideráveis proporções, bem capaz de comover as pedras e levá-las às lágrimas – basta que seja dita com essa intenção. Os povos que por meio dele se comunicam, não apenas mas também os nossos vizinhos, vistas as coisas tal como elas estão, talvez não saibam tanto de Política quanto alguns de nós e alguns deles mesmos possam supor; mas sabem escrever muito, sabem falar muito, cantar um bocado, músicas que nós vamos aprendendo a cantar, sabem um bocado de rimas, que nós vamos querendo decorar, e sabem um bocado de… guerra civil. Sabem tudo isso na ponta da língua. Muitos indivíduos não se constrangem com bater livremente com a língua nos dentes enumerando a quantidade de razões para que, nos países situados ao Sul do continente americano – que, por decreto não sei de que rei ou vassalo, um belo dia passaram a ser considerados todos iguais – haja conflitos semelhantes ao que a mesma matriz Espanha, por exemplo, experimentou (“recentemente” ou “no século passado”, como preferirem), cujos horrores os politicamente corretos ainda cultivam na memória e da boca pra fora – porque os mortos, assim como os vivos, não são todos iguais e somente será politicamente correto cultivar a razão de alguns vivos e a memória de alguns mortos privilegiados, não de todos. Se não encontram razões suficientes, produzem-nas – em verso e em prosa. É possível até que já haja um manual que ensine a produzi-las, que nós nem nos preocupamos com traduzir – recitamos em “portunhol”. E, assim, como que por encanto, foi que surgiram em nosso território, por exemplo, o “índio” e o “negro” que seriam a “nossa maioria marginalizada” – tal como o são no Caribe e em algumas partes do território americano mais ao Sul, de colonização espanhola -, assim surgiram as “nossas ditaduras sanguinárias” que desde sempre teriam segregado essa maioria e a tratado como “escrava”, surgiu a “nossa elite branca racista” e tantas outras surpresas mais.

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      Tudo bem. O caso é que cada povo diz e faz o que lhe dá na telha dizer e fazer, cada povo ouve os palpites a seu próprio respeito como pertinentes ou não, cada povo respeita sua origem e sua história ou não, e aceita fazer ou não o que outros povos lhe sugerem que faça.

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      O idioma castelhano é muito bonito, de fato, é sonoro, é solene, é elegante, é até o idioma em que o Papa aprendeu a falar, imaginem!  Mas não é o nosso idioma. A lógica do idioma castelhano não é exatamente a nossa lógica e cada vez mais isso se vem demonstrando. Nós falamos Português, nós pensamos em Português, bem mais rico que o Castelhano, porém áspero, rude, objetivo, cru, mesmo em seus sotaques regionais mais arrastados. E as guerras civis (sim, que tivemos oportunidade de conhecê-las) não estão em nossa memória. Nem o nome de seus mortos, nem os seus horrores estarão na ponta de nossa língua. Para compensar esse “deslize” ou esse “defeito”, alguns de nós, que conosco muito pouco se identificam, fazem questão de insistir em um estranho composto de 5% de fatos mais 95% de dispositivo audiovisual que nos diz das aventuras e dos infortúnios de “ex”-terroristas que seriam muito bem-intencionados e teriam sido martirizados, aventuras e infortúnios que puderam ser observados “recentemente” ou “no século passado”, como preferirem; desencavam das profundezas da insignificância os nomes de meia dúzia de revoltados com os quais a nossa História de fato não se incomodou nem com eles se alterou, pretendendo que isso e nada mais que isso se transforme em nossa História oficial. E os “horrores da nossa guerra civil” passam a colocar-se da boca pra fora de muitos brasileiros. Enquanto alguns outros preocupam-se com mutilar e maquiar convenientemente a realidade atual, justificando ou desculpando com uma mesma cantilena as providências estapafúrdias a que nos submetemos nos últimos 30 anos, como se o único resultado disso não fosse apenas o progressivo agravamento da ignorância da população a respeito de seus problemas, os desde sempre encruados e os novos. Alienada a população, elimina-se o risco de que surja alguma pergunta fora do roteiro. Como nos ensina uma vinheta da Globo News, “perguntas erradas não encontram respostas corretas”… ou mais ou menos isso.

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      Em nosso idioma áspero, rude, cru, embora belíssimo, muitíssimo rico e de uma lógica a toda prova, o que entope nossos ouvidos e nossas vistas – agora bem mais flexíveis porque já acostumados a ver figurinhas “latino-americanas” e a ouvir as histórias contadas em Castelhano como se fossem “nossas” – além de não-verdadeiro, grosseiramente articulado, incoerente, mal acabado, de um mau-gosto extraordinário, repercutirá como sendo muito e muito estúpido em quaisquer cérebros minimamente bem formados e muito mais preocupados com que fazer para que tenhamos algum futuro do que com erguer memoriais faraônicos, materiais ou virtuais, a quem com nada contribuiu para nosso bem comum. Cérebros que não se conformarão, em absoluto, com que essas imagens e esse discurso possam ser considerados mais importantes do que as propostas eventualmente feitas pelos políticos e do que um programa de qualquer governo.

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      Perante a desordem que se promove em todos os campos da atividade nacional, o discurso dos nossos que se dizem “oposição” a um governo absolutamente alucinado é revoltado e feroz, tanto quanto o discurso daqueles que se mantinham, até bem recentemente, adeptos da “situação” – e as razões de ambos coincidem, item por item – são o caos que os últimos governos se empenharam em produzir. O caos especialmente mental. O que nos leva a concluir que ambos são, no mínimo, hipócritas. Dois elementos poderiam diferenciar o discurso de uma oposição que de fato fosse oposição à situação – o asco explícito ao que vem sendo produzido nos últimos tempos na Política (nos últimos 30 longos anos) e um projeto alternativo. Nenhum desses dois elementos se encontra no discurso da “oposição”. E, mesmo se nos restringirmos às histórias bem ou mal contadas em nossa própria língua, muito pouca coisa ainda será possível dizer a respeito da Política nacional uma vez que tudo já foi dito e por diversas vezes foi redito. Dito e redito de um lado para o outro, de cima para baixo, de baixo para cima, pelo direito e pelo avesso. Muito pouca coisa será ainda possível prever que já não tenha sido prevista. Não há muitos novos personagens nessas histórias todas que, com os que conhecemos pelo menos desde o começo da última metade do século XX, possam disputar espaço, e os de sempre, muito bem plantados e regados com a eterna esperança de uma população, também desde sempre alienada, de que algo novo e radiante a venha salvar de si mesma, não terão objetivos diferentes daqueles que sempre tiveram, nem seguem em direções diferentes das em que desde sempre se mantiveram. O país vai levando a breca, a olhos vistos, e ninguém encontra uma solução a lhe propor. Os discursos são todos estúpidos. E, numa dessas, este aqui, que faço eu, também é, pois nada mais estúpido que tentar pregar no deserto. Enfim, tudo bem.

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      Mas não é que sejamos todos estúpidos. Não somos. Há, sim, vida inteligente nesse nosso País. Mas, no geral, não aprendemos ainda a acreditar em evidências e, mais importante, em que evidências são muito mais poderosas que qualquer fantasia audiovisual. Ou talvez invejemos as narrativas dos vizinhos e nossas evidências nos pareçam muito sem-graça, e mais interessante nos parecerá desconsiderá-las. Nesse pastiche mal-acabado de “crônica de uma morte anunciada”, que por acaso é o título de uma obra produzida em castelhano, todos sabem de antemão quem nos desonrou e prossegue desonrando, não há nisso mistério algum, e, se de alguma morte iminente poderíamos já estar sabendo, essa morte é a nossa, não será a daqueles que continuamos a proteger até de pés juntos com nossa omissão cotidiana.

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’Se o Brasil fosse um paciente internado, os médicos do pronto-socorro o diagnosticariam como doente terminal’, diz o jornal britânico ‘Financial Times’. ‘Os rins já pararam; o coração vai em breve’ – segundo a publicação, a avaliação é de um senador do Partido dos Trabalhadores (PT).

http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/brasil-e-doente-em-estado-terminal-diz-financial-times.html

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      É mais que evidente que o nosso País está profundamente doente, não faz falta o PT ou Financial Times ou qualquer observador nacional ou internacional não comprometido nos avisar disso. Ele está doente porque nós estamos insanos. Com as defesas comprometidas, o País adquiriu um vírus que o impede de reorganizar seu sistema vital, e, privado de consciência, não encontra forças para reagir adequadamente. Pior – a doença não é nova, é reincidente, é uma recaída. Portanto, o vírus vem sendo modificado, torna-se cada vez mais resistente. A população, visivelmente cansada, enfastiada de tudo, sem qualquer objetivo determinado exceto os vagos apelos a um mais que tradicional “abaixo a carestia e a corrupção”, arrasta-se pelas ruas em um Carnaval fora de hora que terminará, bem sabemos, em uma Terça-feira gorda, tendo à frente apenas uma Quarta-feira de Cinzas. Ou há, em nosso horizonte, algo diferente, mais consistente e mais promissor?

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      Nos últimos dias, muitos, mais de um milhão de pessoas, assinaram um manifesto em prol do impeachment de Rousseff. Que também assinei, e expliquei bem explicado por que o fazia, mesmo sem saber para quem ou para que explicava (1), da mesma forma como não sei para quem ou para que ainda escrevo isso que escrevo agora. Durante a campanha para as últimas eleições, era evidente que o voto no candidato adversário se fazia necessário não porque o indivíduo fosse qualquer Dom Sebastião e nos trouxesse a salvação nacional, mas porque sua eleição nos daria algum tempo para respirar e para tentar articular um projeto político que nos orientasse as expectativas e as ações em algum sentido minimamente sadio. Rousseff foi eleita tal como foi, ampara-se na “legitimidade do voto popular” para agarrar-se ao poder, e o campeonato de cuspe à distância continua no Congresso e nas ruas – palavras em frases sem qualquer coerência são arremessadas, obedecendo às mesmas razões torpes que vêm caracterizando os discursos nos últimos tempos, um campeonato que mobiliza torcidas absolutamente desarvoradas auto-intituladas “guerreiras”, que se crêem verdadeiros “exércitos” mobilizados, sem qualquer organização ou objetivo de fato estratégico, cuja única finalidade é garantir a condução, a permanência ou o afastamento de certos nomes das funções e dos cargos de poder. Como esses nomes são os de indivíduos que tiveram uma mesma cuna e uma mesma escola, nenhuma idéia alternativa, nenhum projeto alternativo se põe em discussão, muito menos se põe em jogo, e nenhum problema é sanado. Pelo contrário, os problemas são apenas agravados.

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      Nomes são nomes. Idéias são idéias. Inimigos são inimigos. Exércitos são Exércitos. Guerras são guerras. Idéias afins promovem simpatias, amizades e cumplicidade; apenas idéias conflitantes e, portanto, atitudes conflitantes e objetivos conflitantes são capazes de promover um confronto e uma inimizade. Uma inimizade não será mera antipatia, um inimigo não será um eventual adversário, será um indivíduo cujas idéias e objetivos, caso se concretizem, são capazes de nos fazer sérios danos. Se não reconhecermos um inimigo como um inimigo, estaremos arriscando nossos valores materiais e imateriais, nosso futuro, nossa própria vida e a dos nossos. Inimigos devem ser neutralizados, com inimigos mantemos conflitos, não cedemos colaboração, inimigos nos ameaçam, dos inimigos nos protegemos, dos inimigos nos defendemos, contra inimigos lutamos, os inimigos combatemos ou… os tais “inimigos” não serão inimigos – serão “parceiros” de jogos. Somente contra inimigos armam-se os verdadeiros guerreiros, compõem-se as verdadeiras e constantes estratégias conflitantes, só entre inimigos poderá haver algum conflito e será possível travar-se uma guerra, mas nenhuma guerra ver-se-á entre eventuais “adversários” políticos, comerciais, esportivos etc. Para que haja uma guerra, portanto, será necessário que haja inimigos e estes sejam reconhecidos enquanto tal. E enfrentar uma guerra significa fazer uso da violência. Se não encontramos inimigos, não pensamos em guerras. E, se não há guerras, não há razão para que nos preparemos para guerras. Nem há razão para que reconheçamos guerreiros. Muito menos “guerreiros”.

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A gente encarna uma referência de valores da qual a sociedade está carente. Não tenho dúvida. A sociedade esgarçou seus valores, essa coisa se perdeu. Essa é a principal motivação de quererem a volta dos militares. Mas nós estamos preocupados em definirmos para nós a manutenção da estabilidade, mantendo equidistância de todos os atores. Somos uma instituição de Estado… Uma instituição de Estado tem de atuar absolutamente respaldada pelas normas em todos os níveis.–  Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Comandante do Exército

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/63,65,63,14/2015/09/27/internas_polbraeco,500267/

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      A razão da existência de Soldados em uma Sociedade é a existência de inimigos reais dessa Sociedade. Soldados de verdade sabem, por dever de ofício, o que é uma guerra de verdade. Soldados são preparados para o combate e para evitar a morte de civis, assim como para evitar o maior número de baixas em suas tropas. E não são Soldados os que detonam qualquer guerra. Eles apenas respondem ao apelo de civis, em geral aqueles que representam a população no Estado, aqueles que pela população são considerados lideranças políticas e intelectuais, que percebem com mais agilidade que o Estado se encontra ameaçado. Soldados de verdade armam-se contra as ameaças e as ações do inimigo, para contê-las ou desencorajá-las. Para qualquer Exército bem formado, os inimigos não serão sempre os mesmos, nem sempre agirão ao mesmo tempo e da mesma forma, mas os valores, os bens e as vidas eventualmente ameaçados serão, sim, sempre os mesmos – aqueles valores, aqueles bens e aquelas vidas que compõem a Sociedade nacional que se articula em um Estado nacional que é a razão dos seus Exércitos. Em defesa deles, do Estado e da Sociedade, os Soldados se mobilizam. E enfrentam qualquer guerra, sob quaisquer condições. É sua função, é a sua missão.

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      Já os civis, em geral, considerados, a troco de que ninguém sabe, como inocentes e inofensivos, gostam de viver amparados na ordem e de assistir ao progresso da civilização de camarote, embora teórica e eventualmente possam acreditar, por ignorância, que a desordem seja um apoio válido a um combate ao retrocesso. Civis, em geral, não têm muita idéia do que seja uma guerra, nem convencional, nem de guerrilha, muito menos de propaganda. Por mais que haja filmes e livros que transformam algumas cenas domésticas em tristes tempos de guerra ou algumas cenas contundentes em campo de batalha em verdadeiras obras de arte, civis em geral sabem, também pelos livros e pelos filmes, que nenhuma guerra será, na realidade, bonita – todas elas são feias, são horríveis, trazem consigo privações, sofrimento e morte, são “desumanas”, apesar de que todas elas sejam causadas pelas ações humanas que trazem consigo privações, sofrimento e morte, não por outro motivo qualquer. Saber que uma guerra é feia já bastará, em geral, aos civis, e, em geral, pouco lhes importarão as razões de qualquer guerra. E não apenas civis estetas, bem equilibrados, bem centrados, bem pensantes, buscarão, em geral, evitar guerras, e, nem sempre por ética, muitas vezes por pura estética, buscarão contornar os motivos que a possam deflagrar. Soldados bem equilibrados, que são gente como a gente, que também muito gostam da vida, também buscarão o mesmo, e da mesma forma agirão os governos bem eleitos e exercidos por indivíduos bem equilibrados.

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      Civis, em geral, são bem-humorados, são alegres, são “da paz”, embora, também em geral, não tenham a mais mínima idéia do que seja de fato necessário para que uma sempre relativa paz – uma relativa estabilidade – seja alcançada. Civis, em geral, não são capazes de avaliar o que possa estar em risco e o tamanho desse risco, porque, em geral, não têm muita noção da complexidade daquilo pelo que deveriam ser responsáveis, mas são suscetíveis à propaganda que se faz do que possa estar em risco e do tamanho desse risco. À falta dessa propaganda, mesmo que se vejam atropelados por iniciativas violentas do inimigo ou por sintomas de que algo muito parecido é iminente, civis, em geral, têm uma tendência a ignorar esses sintomas, a contemporizar, a tolerá-los, acreditando ou fingindo acreditar que somente os violentos terão inimigos violentos, que tratar a violência com violência terá como resultado apenas manter ou fazer crescer o número de inimigos violentos, alguns chegando até mesmo a propor que apenas os que combatem a violência com violência, e somente esses, devam ser rigorosamente punidos.

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      Do que se conclui que, por vezes, será possível ou até mesmo fácil defender um território e sua gente. Por vezes, não. E que, por vezes, será possível enfrentar uma guerra. Assim como, por vezes, será impossível não enfrentá-la e enfrentar suas conseqüências. Tudo depende da gravidade e da violência da ameaça que deverá ser resolvida e da consciência que civis e, especialmente, Soldados tenham dessa ameaça. Manter a estabilidade não é desculpa válida para que um inimigo não seja tratado como um inimigo.

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      E uma guerra não é uma aventura. Muito embora aventureiros façam ou estimulem guerras por mera aventura. Aventuras são aventuras, exigem certa dose de inconseqüência, pouco importam ao aventureiro o imprevisto, o risco, a incerteza do desfecho, porque a aventura o satisfaz por ser… uma aventura, ora! O aventureiro, mesmo em grupo, é um solitário. Ao aventureiro, basta-lhe a coragem. Ou o sonho, o desejo e a irresponsabilidade. O aventureiro age por estímulo e por conta próprios, e joga com sua própria sorte, embora, por vezes, envolva muita gente em suas aventuras. Já enfrentar uma guerra contra o inimigo reconhecido, além de coragem, exige conhecimento, exige discernimento, exige desprendimento, exige considerar valores coletivos como sendo mais sagrados que a própria vida individual. Só Soldados enfrentam uma guerra. Por dever de ofício, não por qualquer prazer. Para que a Sociedade possa defender seu Estado de seus inimigos sem correr o risco de vê-lo destruído e de ver-se subordinada. Soldados não são aventureiros, são Soldados, têm consciência de que têm uma missão conferida pelo Estado – que somos nós, todos nós, os nacionais de um território político, não qualquer governo. Civis que se engajam em uma guerra de defesa nacional, civis em armas, estejam ou não uniformizados, serão Soldados e como Soldados devem ser vistos. Já Soldados que se mantêm eqüidistantes entre a Nação que representam e seus inimigos não serão Soldados. Serão funcionários de um governo, serão burocratas fardados.

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guerra é guerra … Nossas armas estão na luta popular e saberemos fazê-la." Jandira Feghali (PCdoB-RJ) 

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1682202-deputados-batem-boca-em-discussao-sobre-impeachment-na-camara.shtml

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       Quem conhece a História sabe que a ameaça que o Brasil enfrentou nas décadas de 60-70/XX, da qual muito pouca gente tomou conhecimento, estava nas ruas, para que quem quisesse as visse, embora tenha sido enfrentada por ações decididas tendo por base as informações obtidas nos bastidores (ou nos "porões", como alguns poetas preferem chamar). E bem sabe que quem combatia essa ameaça não combatia a Sociedade brasileira – combatia indivíduos inimigos da Sociedade brasileira, tal como hoje eles mesmos comprovam terem sido desde sempre. Esse combate permitiu o que a chamada “abertura política” encontrou na década de 80 – um PIB que permitiu que o Brasil saltasse da 45ª à 8ª posição na tabela dos jogos econômicos mundiais. O resultado da crise do petróleo e das alterações das anteriores condições oferecidas pelo sistema financeiro internacional levaram à execração pública quem havia acreditado na relativa estabilidade dessas condições (não exatamente apostasse, como recentemente se viu, em que o petróleo como mercadoria manteria um valor imutável e crescente por todos os próximos séculos) e, na ansiedade de encontrar meios para que o País solucionasse alguns de seus sérios problemas estruturais, e se projetasse soberano, havia sido talvez imprudente. Aliás, é bom lembrar: a Economia nacional nunca esteve atada às mãos dos Soldados. Nas mãos e no pensamento destes estava um projeto de futuro para o País, um projeto nacional em que a Economia era um dos fatores.  

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      Já quem sofria de sérios problemas psiquiátricos continuou padecendo deles. Nenhum Soldado seria capaz de dar um jeito nisso… Os Soldados apenas souberam, com muita arte e muito engenho, não envolver o grosso da população na tarefa de controlar os terroristas que contrariavam a expectativa social – entre os quais aqueles que, não por acaso, mas por pura “contemplação” dos que se julgam muito bem-pensantes, hoje estão no poder. Esse foi um grande mérito e, ao mesmo tempo, o maior erro daqueles todos que eram responsáveis pela Inteligência de nosso Estado (além daquele de, passados alguns anos, terem imaginado que o perigo que combatiam havia sido definitivamente afastado). Porque, uma vez isolada do combate, no geral, a população civil, ela pôde acreditar com “pureza d’alma” que sua presumida “inocência” teria sido maculada por iniciativa de homens muito maus, e quem disse afirmava querer proteger os “inocentes” em sua “inocência” pôde permanecer ou entrar de sola na Política; ninguém alcançou a dimensão daquilo que nos ameaçava, muitos puderam nem sequer acreditar que havia uma ameaça de fato, e ninguém entendeu o que acontecia. Porque a ninguém interessava preocupar-se com entender coisa alguma, desde que Economia funcionasse.

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      Hoje, essa ameaça não mais se resume aos limites de uma mera ameaça, e seus contornos nos parecem mais claros e mais presentes – sabemos todos das invasões no campo, sabemos da criminalidade consentida nas cidades, sabemos do caráter e das intenções dos que se reúnem no tal “Foro de São Paulo”, sabemos da podridão em nossas Instituições, que vêm sendo corroídas desde dentro, e tentamos, todos os que temos, mínima que seja, alguma noção de que este nosso País precisa manter-se íntegro para que subsista, reagir contra o poder dos marginais infiltrados nelas todas, verificando, a cada dia que passa, que os meios a que temos acesso para efetivar essa reação são capazes de produzir muitos cartazes, muitos discursos e muito rebuliço, mas não se demonstram eficazes ou suficientes para substantivá-la. Os salafrários que foram combatidos no passado hoje estão no poder, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, têm as armas, as canetas e os carimbos nas mãos, têm no bolso, inchado de propinas, o Estado e, portanto, o monopólio da decisão e da violência, não nos apresentam qualquer ambição nacional ou qualquer projeto democrático, porque nunca os tiveram, não têm a mínima idéia da gravidade da crise econômico-financeira que atravessamos ou fazem de conta que não têm porque assim lhes convém e fazem absoluta questão de nos demonstrar isso. Nossos Soldados, que seriam nossa defesa, estão nos quartéis – e nas Escolas – enchendo seus ouvidos com promessas e histórias de uma “resistência democrática” no passado, convencendo-se de que são essenciais à “paz mundial” (!?) e inúteis, supérfluos ou inconvenientes à Política nacional, tentando conciliar, da boca pra fora, neurastenicamente, com ajuda de uma “dialética” tortuosa, o respeito reverencial que deveriam manter por nossos grandes Chefes militares com o atual bom-mocismo que teria deixado aquelas suas preocupações insanas, caducas, após nosso País ter ingressado em uma fantasiosa era de “globalização” e de “pós-modernidade”.

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      Por isso mesmo, ainda há quem considere que quem combateu esses salafrários nas décadas de 60-70/XX deve ser exemplarmente punido. E para muitos, de cérebro mais diminuto que o do recém descoberto ou recém inventado “Homo Naledi”, continua valendo o mito de que, durante o período que muitos cretinos chamam de “ditadura militar”, alguns indivíduos tarados, com o beneplácito de uma administração estritamente militar, perseguiam inocentes idealistas por mero sádico deleite. Tão grave quanto isso será crer que a estabilidade do que está errado, do que vem sendo posto pelo avesso, seja um objetivo nacional correto e deva ser perseguido com a manutenção de eqüidistância de todos os atores políticos.

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      Tudo bem. Cada um, seja um indivíduo, seja um povo inteiro, poderá querer ou não querer ter poder. E acreditará no que quiser acreditar. E qualquer um poderá crer que as Instituições nacionais se manterão sobre suas pernas caso os inimigos do Estado brasileiro não sejam eficientemente combatidos. O triste é ver os responsáveis pelo Estado nacional imaginando que inimigos são personagens de jogos virtuais, que na realidade inimigos não existem, que tudo o que estamos atravessando não passa de um alegre folguedo de moleques travessos circunstancialmente afortunados ou desafortunados…

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O mérito do Podemos foi converter o enfado da população em instrumento político … soube modernizar sua forma de comunicar-se em relação à velha esquerda e seus símbolos antigos, ligados à classe operária … apela à cidadania com mensagens positivas, modernas, transversais … que podem convencer setores amplos da população" – Bibiana Medialdea, da equipe econômica do “PODEMOS”, partido político espanhol 

 http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1675334-alvo-de-esquerda-e-direita-podemos-enfrenta-eleicoes-gerais-na-espanha.shtml

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      E assim nos será possível retornar ao discurso do Podemos espanhol, com o qual começamos este texto, e que, se bem lido, nos esclarecerá muita coisa que por aqui anda ainda meio-muito obscura.    

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      Quem conhece a Política e conhece os fatos sabe que, sem um governo que se proponha a recuperar o nosso Estado, nenhuma saída desse enguiço em que nos metemos encontraremos. E saberá também que a Sociedade nacional, no seu conjunto, deveria ter-se preocupado com defender esse Estado para que seu poder não fosse usurpado por salafrários aventureiros, tal como foi. Pois bem. No discurso da “oposição” a tônica não é um governo mínimo – é um Estado mínimo, que submeta-se às iniciativas de grupos privados, que tenha a sua soberania – uma prerrogativa exclusiva dos Estados – acorrentada, que abdique de todas as suas prerrogativas que o definem como um Estado, não como apenas um território em mãos de um governo. Tanto o discurso da “situação” quanto o discurso da “oposição” são discursos “municipais”. Não há quem defenda o Estado nacional. Não há, digamos bem dito, neste nosso País. E apenas nele.

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      Quem bem sabe o que é defesa nos diz que defesa significa “preparação para a guerra em todos os campos da administração, de pessoal, logística, mobilização, informações, comunicações, saúde, evacuação, sepultamento… Complexa na paz, pior na guerra” (2).  Melhor definição impossível. Quem não cuida disso não cuida de defesa. E bem sabe que a defesa do Estado não requer que um governo tenha nas mãos um Ministério da Defesa. Mas requer um Comando. Em 1964, não tínhamos, entre os Ministérios, nenhum especificamente “da Defesa” encarregado de defendê-los, mas o Estado, seus recursos e sua gente foram defendidos, com unhas e dentes, por civis e militares, contra os projetos de integração supranacional da Esquerda. A Sociedade não se ressentiu dos horrores de uma guerra civil nem esperou por ela para que nosso solo se visse ensopado de sangue – que era o que pretendiam os que estavam no poder e dele foram afastados. O chamado “golpe de Estado” se antecipou dando um fim à anarquia vigente. E a iniciativa deu certo. Por algum tempo…

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      Hoje todos sabem do que a Sociedade se livrou naquela época, porque é exatamente o que a Sociedade está enfrentando – só não o sabem os muito “ingênuos”, que ingênuos não são, são apenas voluntária e absolutamente alienados, ou os comprometidos até os ossos, por razões escusas, com o processo atual. Mesmo assim, a inveja compulsiva da produção artística dos países nossos vizinhos a respeito das atrocidades cometidas em suas constantes guerras civis permite que asnices sejam produzidas, que continuem sendo insistentemente repetidas e reelaboradas por poetas, seresteiros e namorados e divulgadas pelos meios de comunicação de massa, entortando de cabo a rabo a nossa História real que “precisa” ser igual à dos vizinhos porque a dos vizinhos é mais… bonita. A velha esquerda modernizou sua forma de comunicar-se, confundiu seus símbolos de classe, apelou a uma “cidadania” sem Estado que a sustente, com mensagens transversais que conseguem convencer muitos indivíduos e amplos setores da população…

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      Verdade é que, se alguns custam um pouco a se enfadar, outros demoram muito a perceber o enfado da população. Consideremos que “enfado” em Castelhano equivale a fúria, ira, e, em Português equivale a tédio, pura e simplesmente… Aqui e ali, percebemos que o discurso do Podemos espanhol – que é muito parecido com o discurso do Syriza grego, que é muito parecido com o do “santo” José Mujica e o de uma Erundina, por exemplo, que, no frigir dos ovos, é nada – vem-se insinuando em vozes ainda vinculadas aos partidos já existentes. Em contrapartida, uma “oposição” acena com utopias libertárias em igual medida, tal como podemos conferir em recomendação feita pelo Instituto Liberal: “Misture-se (…) idéias puras com um discurso flexível. Esta é a fórmula correta para adequar-se ao nosso tempo” (3). Afinal, devemos nos prender às idéias puras ou à flexibilidade? Até que ponto devemos levar a flexibilidade do nosso discurso para que não conflite com nossas idéias puras? A quais idéias puras nos devemos prender? Bastará que nos prendamos à pura idéia de “liberdade”? Que maior substância esse discurso nos apresenta?

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      O discurso a respeito do nada que a nada nos leva não é qualquer novidade, é o discurso correspondente ao pensamento único, e, em nosso território, se ainda não aglutinou em uma mesma única organização todos aqueles que dele se utilizam, talvez isso se deva a uma competição entre as “lideranças intelectuais e populares”, nenhuma delas, tampouco, nova. Aliás, o respeito reverencial que os “revolucionários” de todo o mundo dedicam a “nossos líderes” da “situação” ou da “oposição” é bastante elucidativo. Nova é apenas a terminologia, nova (ou nenhuma) é a sintaxe do discurso, cada vez mais surrealista, que, assim como a velha, não resiste a uma análise minimamente lógica.

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      Ao mesmo tempo, outros expedientes audiovisuais que também mal mascaram a utilização da ortodoxia oca das esquerdas na intenção de que mantenha suavemente a bandidagem demagoga no poder nacional ganham relevância pela mediocridade de tudo aquilo que se auto-intitula “novo”.

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      Foi republicado, por exemplo, em 16/08 último, por ter sido considerado “pertinente trazê-lo novamente” à baila, um texto intitulado dramaticamente “Por que não mataram todos em 1964?” (4). O cronista nos dirá que “…o conhecimento de História não é um [sic] dádiva, mas sim uma maldição. Porque você se torna responsável por dialogar com quem a ignora, por mais impossível que isso pareça ser. Um diálogo paciente e não-violento, na esperança de que entendam que a dignidade humana, construção de milhares de anos dessa História, é uma conquista que deve ser defendida a todo o custo.” Os “libertários” tomaram de assalto nossas Escolas e nossa Imprensa, e isso não é de hoje. E conseguiram formar mais de uma geração de absolutos analfabetos políticos. Só assim se compreende onde e como “um diálogo paciente e não-violento” pôde substituir o discurso inflamado que sempre os caracterizou. E como e por que se crêem no direito de dizer o que bem entendem como se estivessem dizendo para absolutos energúmenos, imaginando que não terão réplica em seus argumentos. Esse lero-lero transcrito acima serve apenas para introduzir o que será dito em seguida: “Como aqui já disse, que os assassinatos sob responsabilidade da ditadura sejam conhecidos e contados nas escolas até entrar nos ossos e vísceras de nossas crianças e adolescentes a fim de que nunca esqueçam que a liberdade do [sic] qual desfrutam não foi de mão beijada. Mas custou o sangue, a carne e a saudade de muita gente.” Convenhamos: em nenhuma hipótese “um diálogo paciente e não violento” combinaria com uma intenção de meter “nos ossos e vísceras de nossas crianças e adolescentes” fosse lá o que fosse… Mas, sim, o cronista em um certo ponto terá razão: “a dignidade humana” é de fato “uma conquista que deve ser defendida a todo o custo” e a liberdade custou “o sangue, a carne e a saudade de muita gente”. De que gente, exatamente? E por quê?

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      Como as perguntas e as respostas têm objetos muito seletivos e dependem do grau de conhecimento e de inteligência de quem pergunta e de quem responde, a resposta a esse meu último “por quê?” parece não ter qualquer importância para alguns civis bem-letrados e muito bem-intencionados. Assim, as idéias tronchas desse cronista metido a sebo – que não são apenas dele – puderam ser secundadas por outro, que, mesmo nos confessando que não consegue entender certas coisas, tenta nos explicar algumas delas a pretexto nos ensinar a usar o ‘por que’, o ‘por quê’, o ‘porque’ e o ‘porquê’ (5). Realmente, algumas coisas são facilmente compreendidas. Outras, será muito difícil entender. Difícil, por exemplo, será entender como alguém que se pretenda minimamente ilustrado e pretenda nos ensinar alguma coisa possa alegar, tal como este fez, que alguma vez tenhamos experimentado em nosso país um “regime nazista” e assistido, ainda que de longe, a um “extermínio por razões ideológicas”. Quem diz algo parecido faz muita questão de se demonstrar não só estupidamente ignorante como estupidamente burro! Burro ainda mais burro será quem com isso possa concordar por inércia e possa sair repetindo como um idiota. São muitos.

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      E assim nós viemos indo e assim nós vamos indo. E, por decorrência de uma mentalidade mimética que desde sempre esvoaça em nossos ares, ganhamos um Ministério dito “da Defesa” (ainda estou para saber contra quem seria essa defesa inerme e apática; a menos que seja a defesa dos Governos mal eleitos contra a crítica daqueles que os elegeram…), Ministério esse que substituiu os Ministérios militares por iniciativa de um ex-presidente inconseqüente – alguém já conseguiu compreender a dimensão dessa estupidez ou todos continuam “inocentes”? – que nem sequer alguma antipatia manifestou, jamais, em tempo algum, ao projeto canalha de nossa integração política com nossos vizinhos porque desde sempre dependeu do investimento de quem aposta no que sua “extraordinária capacidade intelectual” conseguiu produzir – e quem investe nisso? Quem era responsável pela Defesa até a última reforma ministerial, um civil tão “ex”-guerrilheiro quanto a atual Presidente da República que o nomeou, que, em palanque oficial, deu as costas ao desfile da tropa ativa, foi brindado com um decreto que lhe conferiu prerrogativas antes exclusivas dos Comandantes militares. Corre a voz solta que isso se deu por iniciativa de sua secretária, uma enfermeira que repousa a cabeça no travesseiro colocado ao lado, em uma mesma cama, daquele no qual um “guerreiro” do MST repousa a sua. Corre também a voz solta que “ninguém sabia” que o decreto seria sancionado e lançado sobre as FFAA, que foram tomadas de surpresa. Aliás, dizem os cronistas que nem mesmo a Presidente da República conhecia exatamente o seu teor, muito menos o conheciam os Comandantes militares. É muita gente querendo fazer muita gente de trouxa. Não?

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      Sim, nós temos um belo País, regido por uma Presidente-ostentação eleita pelo voto popular, que promoveu uma reforma em seu Ministério pretendendo conferir ainda mais poderes ao Partido no poder, que inclui um Ministério da Defesa que não se sabe bem ao certo a que serve, no qual havia um Ministro que gosta de música e é simpáticos aos músicos, que agora galga a Ministro-chefe da Casa Civil por presumidos bons serviços prestados, que tinha uma secretária que tem um marido, e temos Comandantes militares. Temos “guerreiros”, pois, além dos que se perfilam no “exército de Stédile”, temos cronistas, temos oradores, temos suas “verdades”. Temos agora um Ministro da Defesa vinculado a um Partido “revolucionário” que armou uma guerrilha contra o Estado nacional, que foi ferozmente combatida pela Força de Terra, e temos sofisticados dispositivos audiovisuais… que são capazes de transmitir o que esse Ministro nos diz, com a maior clareza e desfaçatez, invertendo tudo o que seria lícito esperar de alguém que demonstrasse um mínimo de discernimento – que as FFAA são “criadoras de valores importantes para a perpetuação dos interesses do povo e dos interesses do Brasil”. Onde estamos? As Armas nacionais se encarregam de manter os valores que são os valores da Sociedade, os que a Sociedade exige que sejam mantidos. Desde quando e onde, exceto em ditaduras, as Armas se encarregam de “criar valores” ou se submetem a prestar-se à função de os impor à Sociedade nacional para que um governo qualquer não se sinta ameaçado?

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      Pois bem, temos tudo isso. Que nos vem sendo supérfluo e/ou danoso. O que não temos, pois, é a consciência nacional, é um projeto nacional. Porque não temos a mínima noção do que seja o nacional. Razão pela qual acompanhamos o espetáculo desse País que temos (ainda temos, nem sei como…) se escoando pelo ralo. Resta-nos saber se ainda temos Soldados. E nos restaria saber por quê? E para quê? Ora, só pra saber… porque faz um bocado de tempo que só podemos desconfiar de que eles ainda existem assistindo aos 5% de discurso ufanista mais os 95% de dispositivo audiovisual bem produzidos pelo Ministério da Defesa. Aquele Ministério… que não sabemos muito bem que raios é aquilo que se propõe a defender. Ou quem diabos são os que se propõe a atacar.

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Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira” – Hélio Bicudo

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/09/29/lula-se-corrompeu-e-corrompe-a-sociedade-brasileira-afirma-helio-bicudo.htm

 

"Lutamos contra a ditadura do fuzil e agora lutamos contra a [ditadura] da propina". Miguel Reale Jr.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/09/1682484-golpismo-e-de-quem-fala-diz-bicudo-sobre-critica-de-dilma-a-impeachment.shtml

 

“Bendito o golpe em que seu espectro se exaure na fiel observância de comandos constitucionais! Maldita a democracia em que o voto popular possa constituir-se em cidadela da impunidade!” Nelson Jobim, segundo depoimento de Miguel Reale Jr

http://m.opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,impeachment,10000000189 

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      Sinceramente, e a bem do bom raciocínio, creio ter o dever de apontar que, na primeira frase do último período citado, algo parece estar muito errado. Não exatamente a idéia em si, mas o uso de um “em que seu” em lugar de um “cujo”, com o que a frase resta meio sem sentido. Imagino que ela devesse ter sido dita ou escrita dessa forma: “Bendito o golpe cujo espectro se exaure na fiel observância de comandos constitucionais!” Assim dá pra entender. Já como está é complicado. Enfim…  tendo compreendido por que nos foi possível adotar a mitologia “latino-americana” e por que nos é possível retornar ao discurso do Podemos espanhol, é fácil entender porque recorremos sem cerimônia às frases de efeito, que podem ser ditas de qualquer jeito, já que a nada menos medíocre nos é dado recorrer.

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      Acrescente-se que vem sendo lembrada por meios virtuais e vem merecendo atenção uma entrevista, concedida por um historiador de projeção a uma jornalista, que foi transmitida pela TV Cultura em abril de 2014 tendo por pretexto comentar os “50 anos depois” da intervenção militar ocorrida no Estado brasileiro em 1964 (6).

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      No imenso e profundo mar de asnices mil vezes ditas e mil vezes repetidas a respeito do período em que indivíduos de formação militar – formação presumidamente nacionalista, portanto – exerceram a Presidência por necessidade imposta pelas circunstâncias, essa entrevista chama a atenção por nos apresentar algumas ponderações racionais e conseqüentes. E merece, sim, alguma atenção. Mais ainda porque Lula da Silva está processando judicialmente esse historiador, alegando que ele o teria caluniado ao dizer de público que o ex-presidente “ ‘mente, mente’, que é culpado de ‘tráfico de influência internacional, sim’, além de ‘réu oculto do mensalão’, ‘chefe do petrolão’, ‘chefe da quadrilha’ e teria organizado ‘todo o esquema de corrupção’ ” que indiscutivelmente assola o país como nunca antes em sua História (7). Para quem acredita que o problema do país é Lula da Silva, o entrevistado reuniria méritos suficientes para ser considerado um bom orientador de consciência. E exatamente com alguns ‘por que’, ‘por quê’, ‘porque’ e ‘porquê’ preocupar-se-á ele, que é um historiador. E buscará esclarecer alguns detalhes que passam despercebidos pela maioria dos civis bem-intencionados e bem-letrados e talvez também por alguns militares jovens e velhos.

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      Durante sua entrevista, as caretas de simulada curiosidade entremeadas de caretas de igualmente simulada ingenuidade com as quais nos brinda a sua pernóstica entrevistadora nos lembrarão as de Jô Soares, o humorista, em seus programas metidos a sérios – só não mais se assemelham por lhe ter faltado a oportunidade de poder chamar os comerciais dado o caráter da emissora. Nas perguntas feitas, nenhuma novidade. Elas são, diríamos, “protocolares” – são as mesmas de sempre. Uma delas, preciosa, será: “E [se não era uma ditadura como explicar] a perseguição a, por exemplo, todos os membros do Partido Comunista Brasileiro?” E as demais estarão no mesmo nível. 

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      O historiador, intelectual, democrata, refinado, bem falante, plantado em sua poltrona, tendo sorvido muitas letras, depois de provar por A+B que não houve qualquer ditadura no Brasil após 64 (pois havia estímulo e liberdade cultural, um Congresso eleito etc. etc. e tal – e é tão pouco de verdade o que se diz a nosso respeito que apenas isso, que é muito e muito pouco, terá o dom de deixar muita gente entusiasmada e muito mais feliz do que, se em sã consciência, deveria ela ficar), citará a "luta heróica" pela “democracia” travada por bravos juristas e parlamentares, pela Igreja, pelas "organizações da sociedade civil"… contra um governo que, não se saberá bem por que, contando com todas as armas ao seu dispor, entregou-lhes a condução da Política nacional de bandeja. Não contente com isso, depois de citar também o resultado de vis atentados terroristas, nos quais civis perderam suas vidas de forma atroz, reprovará a "barbárie", a repressão, a censura da… "ditadura" (!?!), e nos dirá que não deveremos ter “contemplação” com os que combateram de forma violenta os terroristas, e que os responsáveis pela violência cometida devem ser exemplarmente punidos. Ele estará se referindo ao período em que o terrorismo “idealista” encrueceu em nosso território, requerendo um rude combate em igual medida? Sua opinião reflete uma posição bastante estética, sem dúvida, mas… meio incoerente, não é, não? Eu acho.

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      Em suma: entrevistado e entrevistadora, apesar de divergirem diametralmente na apreciação de ser ou não ser correto e/ou conveniente denominar como “ditadura” o período que vai de 1964 até que novamente fosse eleito um presidente pelo voto direto, comungam de um ponto de vista ou de um cacoete intelectual e/ou emocional – bonita será a “paz” – qual “paz”, pouco importa, talvez a proporcionada pela “estabilidade”; feia será a guerra, coisa maldita da qual não se deve sequer enunciar o nome. Bonito será conviver pacificamente com nossos inimigos e chamá-los de “adversários” ideológicos, bonito será permitir que todos gozem de liberdade e digam e façam o que bem entendam. E, se terroristas assaltam bancos e quartéis, se põem bombas, se explodem civis, se trucidam Soldados, poderemos ir às ruas ridicularizá-los, tal como hoje fazemos com os que se dizem “ex”-terroristas, ou então poderemos chamar um doutor-advogado para que os processe e garanta nossos direitos à vida na Justiça, pois a Lei existe para isso embora nem sempre ou quase nunca funcione. Contra o narcotráfico não funciona. Censurá-los, reprimi-los, obrigá-los a dizer quem são seus cúmplices e onde o resto do bando de meliantes possa ter-se alcovitado contando com espírito presumidamente humanitário, talvez solidário, de algum cidadão presumidamente indefeso e inocente, é muito, muito feio. Será uma violência descabida ou, no mínimo, será muito pouco educado…

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      Recusar-se a participar de um combate em armas, seja contra uma guerrilha, seja em uma guerra convencional, não querer aceitá-lo como justo ou necessário ainda que se faça para repelir uma agressão e seja de defesa, e não querer saber dos meios que esse combate exige que sejam utilizados e dos horrores que exige que sejam encarados é uma coisa – almas muito sensíveis, muito delicadas, só bem suportam atrocidades se praticadas nas telas e nas páginas literárias, se são ficção (e, muitas vezes, até as curtem). Já não querer reconhecer uma guerra dando de cara com suas evidências será outra coisa, e bem outra. E, em cada um dos casos, ao ser filtrada pela inconseqüência dos aventureiros ou a dos maníacos pacíficos, pelo preparo ou pelo despreparo dos Soldados ou pela suposta ignorância dos omissos, a História será, necessariamente, contada de forma diferente. É evidente. Assim como as histórias de cada um serão, necessariamente, diferentes e contadas de forma diferente. Ou não?

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      Na verdade, o intelectual, democrata, refinado, esteta, bem-falante historiador, em sua poltrona comodamente cercado de letras, ainda que sua inteligência privilegiada lhe permita não repetir a maioria das asnices que outros “mestres” da História, da Política e da Literatura nacionais insistem em propalar, demonstra que não sabe o que é enfrentar uma guerra, que nenhuma idéia tem do que seja isso, que nem sequer lhe interessa ter. Portanto, jamais haverá de saber. Ou talvez até viesse a querer saber como enfrentá-la caso os “soldados de Stédile” sob o comando de Vagner Freitas hoje resolvessem incomodá-lo em sua casa ou em seu ambiente de trabalho, tal como já fazem com os que estão nas regiões rurais de nosso território.

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      Interessante que as guerras, tanto as convencionais quanto as de guerrilhas, são narradas e muito bem narradas, detalhadamente, nos livros de História. Em cada uma dessas narrativas estará presente o inimigo contra o qual um Exército se mobiliza e age. Talvez por nunca ter participado de qualquer combate, embora considerasse “um mito para todos nós” ninguém menos que Gregório Bezerra, que nenhum “liberal” teria sido (8), o historiador não creia nesses livros, creia em que guerras e suas razões não existem, sejam apenas ficção, sejam fantasias de cabeças muito malvadas, apesar de muito criativas… o que é um grave problema para um historiador. Eu acho.

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      Ou, talvez, ele creia em que, se as guerras existem, elas devam ser postas “fora da lei”. Por ingenuidade? Talvez sim, talvez não. Difícil saber, mas pode ser. A ingenuidade não passa necessariamente pela capacidade intelectual, embora seja capaz de muito atrapalhá-la. O certo é que o ilustre em questão assume uma “postura pacifista”, tipicamente intelectual, ideológica, sempre defendida em discursos (nunca na prática) da Esquerda; e, tentando confundir os ouvintes com seus argumentos, põe-se a defendê-la. Tudo bem, o “pacifismo” será a “sua verdade” – e o “pacifismo” é deveras elegante. Muita gente no mundo, gente muito importante até, já fez do “pacifismo” a “sua verdade”… da boca pra fora, e muita gente ainda faz. Nem por isso as ameaças à nossa vida e à vida dos nossos e à integridade de nosso território, único espaço onde – atenção! – poderemos desenvolver nossas idéias com consciência e fazer nossa política com liberdade, vêem-se eliminadas. E, em cada versão, cada sentença, e cada… projeção.

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      Infelizmente, um dos resultados desse “pacifismo”, dessa “contemplação”, dessa “elegância” com relação às atitudes de salafrários travestidos de “guerreiros”, de “guerrilheiros” ou mesmo de estranhos “heróis do povo brasileiro” é o que hoje nós estamos vendo e sentindo na pele. A Democracia, nessa nossa “democracia” tão bravamente conquistada contra os nossos “ditadores” armados de fuzis até no banho, em "heroica" luta de bravos juristas e parlamentares, da Igreja, das organizações da sociedade civil… que nas mãos desses mesmos foi sendo esfarrapada dia após dia após a tal da “abertura política”, coloca-se cada vez mais distante de nossas vistas. O que explica aquilo que hoje tanto surpreende o nosso ilustre historiador (9) – que alguém do Partido que comandou a guerrilha do Araguaia seja nomeado o Ministro da Defesa… O problema é que isso o possa surpreender, ou o problema é que ele diga que isso o surpreende. Porque a ninguém mais deveria surpreender.

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      Muito bem. Eis que se alinhava o impeachment da nossa virtuosa Presidente da República. O que abalará o poder de Lula da Silva. A questão que se coloca é: que ocorrerá de diferente em termos políticos ao raiar o dia seguinte, se nada é capaz de alterar o funcionamento do Congresso e as demais Instituições nacionais tal como vêm fazendo de maneira reversa? Que fazer com as leis malditas que foram aprovadas nas últimas décadas e nos vêm regendo a vida cotidiana? A crise que afeta o Executivo nacional é o menor de nossos problemas. O nosso problema é a crise em que se encontra a representatividade do povo brasileiro. Se cai Rousseff ou não cai, mantendo-se todo o resto, nada se alterará.  

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      Ponderemos, pois: uma morte tranqüila, que permite à vida ceder espaço aos poucos à enfermidade e à caquexia, não será, por ser tranqüila, mais honrosa ou menos morte, mas será, sem dúvida, bastante menos deselegante que uma morte em combate, num campo de batalha, seja ele urbano ou rural. Por quê? Porque será lenta, porque será incruenta, porque se dará em belos e limpos lençóis…

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      Bem, se é apenas elegância o que a nossa brava gente brasileira vem buscando, ela está de parabéns. Está no bom caminho.

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 (1)    O “Movimento Pró Impeachment Brasil” colocou no ar um documento na intenção de pressionar os Parlamentares para que “aprovem o pedido de impeachment da Presidente Dilma” e pede ao público o maior número de assinaturas em apoio a essa iniciativa. Esse documento se encontra em https://www.change.org/p/deputados-aprovem-o-pedido-de-impeachment-da-presidente-dilma .

    Estou assinando porque aprovo, sim, que se declare o impedimento de Rousseff. Não porque ele seja qualquer solução que se dará aos nossos infinitos problemas – e esses problemas se criaram bem antes que ao PT fosse oferecido de bandeja o poder nacional. Aprovo o 'impeachment' porque, esmagados entre o atual desgoverno e os tumultos todos que se criam todos os dias sem qualquer outro objetivo senão derrubá-lo, não sobreviveremos por muito tempo. E precisamos de tempo, tanto quanto de ar, de água e de juízo, para tentar sobreviver.

    O 'impeachment' significa nada mais que um recurso para que a pressão que hoje nos asfixia se atenue – mas ela se atenuará por um período muito breve. E não é que não tenhamos uma liderança que nos conduza a tomar atitudes corretas que nos permitam criar as condições corretas, as que favoreçam uma retomada do desenvolvimento, pois efetivas lideranças políticas não se inventam, elas apenas se formam no calor das discussões ao longo dos processos políticos – o que não temos é a noção de objetivo nacional, o que faz que não tenhamos objetivos nacionais definidos, portanto, não tenhamos discussões a respeito do objetivo das propostas e das ações dos políticos, nem sequer tenhamos qualquer esboço dos meios para que essa retomada do desenvolvimento se faça. O que nos faz prosseguir sem rumo definido.

    Dessa forma, quem se beneficiará com o afastamento de Rousseff serão os mesmos que têm a responsabilidade de a terem levado ao poder, e que, de repente, perceberam que a coisa toda ficou tão feia que lhes parece eleitoralmente insustentável. Ninguém mais. Porque esses continuarão a fazer o que sempre fizeram, nada diferente farão.

    O nosso problema não é Rousseff, nem é Lula, nem é o PT, nem a bandalheira desenfreada dos últimos tempos – o nosso problema é quem investiu na deterioração de nossa identidade nacional e facilitou a disseminação de promessas demagógicas como se fossem propostas viáveis. O nosso problema é que nós, enquanto Nação, não sabemos que queremos. Porque não mais sabemos quem somos. Portanto, não saberemos que é o que poderíamos ou deveríamos fazer em nosso benefício. E ninguém se preocupa com a recuperação de nossa identidade, que sempre foi ímpar, que é um fator determinante para a recuperação da (de fato nossa) economia, e hoje se apresenta como uma incógnita, obscura, diluída em identidades corporativas, regionais, familiares, estéticas e, pior, de bando.

    O Brasil precisa reencontrar-se, encontrar, enunciar e adotar com seriedade um projeto nacional. Que será necessariamente grandioso. Sem o que não saberemos quem eleger, pois qualquer um tanto fará quanto qualquer um já vem fazendo, e, por mais que tudo muito se movimente, tudo se inclina no sentido da fragmentação de nosso país. E ninguém resolverá coisa alguma das que hoje tanto nos afligem e nada nos tirará do caminho enlameado em que enveredamos, sabe-se lá por que cargas d’água e em nome de quê – caminho esse que nos leva apenas à nossa absoluta destruição.

    Que caia Rousseff, sim, o que nos dará um tempo de sobrevida, mas que ganhemos algum discernimento nesse processo e não coloquemos em seu lugar, nunca mais, algo que com ela muito ou sequer minimamente se pareça.

  – 11/09/2015

(2) “Estrutura do Ministério da Defesa – Considerações” – Ernesto Caruso – http://www.alertatotal.net/2015/09/estrutura-do-ministerio-da-defesa.html 

(3) http://www.institutoliberal.org.br/blog/liberalismo-de-esquerda-ou-de-direita/

(4) http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/08/16/por-que-nao-mataram-todos-em-1964/

(5) O mais interessante no texto de Pasquale Cipro Neto será verificar não ter ele encontrado algo mais adequado para acertarmos no Português que isso: “uma boa dica é ver se entra ‘why’ ou ‘because’. Se entra ‘why’, entra ‘por que’; se entra ‘because’, entra ‘porque’ " (?!?). Mas, não satisfeito, esse tão didático e tão conhecedor de lingüística envereda pela Política e pela História para ponderar que: “Quer ver uma coisa que não entendo? Por que é proibido fazer a apologia do nazismo, mas é permitido fazer a apologia da ditadura militar, do extermínio por razões ideológicas etc.? … Bem, eu poderia me alongar nesse assunto, mas o meu texto não teria nem um pingo do brilhantismo do artigo publicado pelo grande Mário Magalhães em seu blog ("O silêncio cúmplice aceita a barbárie"). Mário esgotou o assunto. Sobrou-me a questão lingüística … Posto isso, vou tentar ajudar essas etéreas almas a redigir cartazes que, ainda que indignos da nossa semelhança a Deus, sejam linguisticamente ‘limpos’, ao menos no que diz respeito a ‘por que’, ‘por quê’, ‘porque’ e ‘porquê’.http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2015/08/1671032-porque-nao-mataram-todos-em-1964.shtml

(6) https://www.youtube.com/watch?v=ywI39X9TG5w

(7) http://www.institutolula.org/lula-move-queixa-crime-contra-calunias-de-villa

(8) para quem não sabe quem foi e que andou fazendo Gregório Bezerra, será interessante consultar http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/90776/Greg%C3%B3rio-Bezerra-este-sim-um-verdadeiro-brasileiro.htm

(9) https://www.facebook.com/SessentaSegundo/videos/753476074797570/?fref=nf

 

 

 

  

  

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