“Um documento … será remetido pela comissão à Organização das Nações Unidas (ONU). Na semana passada, 170 indígenas das etnias Guarani e Kaiowá divulgaram carta na internet, informando que descumprirão decisão judicial que obriga as tribos a deixar uma área de dois hectares que ocupam, há um ano, nas proximidades de Iguatemi. Segundo eles, a região, localizada entre uma reserva e uma propriedade rural, teria pertencido a seus ancestrais.”
A quem teria pertencido o morro do Pão de Açúcar? A quem teriam pertencido as areias da praia de Copacabana? E as da praia de Boa Viagem? E as da praia de Torres? E o Pátio do Colégio? E a Praça da Sé? E o bairro do Pacaembu? E o de Casa Amarela? E o do Maracanã? E o Parque de Vila Velha, o Cânion do rio Iapó, a ilha de Paquetá, as águas e as margens do Tietê, do Amazonas, do Capibaribe, da lagoa do Abaeté, da lagoa da Pampulha? A quem teria pertencido o Planalto Central? E a quem teriam pertencido a nascente do Rio Ailã, o Arroio Chuí, a Ponta do Seixas e a Ilha do Sul em Martim Vaz, a serra da Contamana… … …?
A quem pertencem hoje? Por quê? Quem nos pode garantir? Por quê?
Há dúvidas? Por quê?
E a quem teria pertencido o terreno onde erguemos nossas casas?
Bem, em vez de construírem-se Palácios de Esporte que logo se transformarão em elefantes brancos, de projetarem-se linhas de trens-bala que logo ficarão às moscas, de financiarem-se tantas comissões internacionais, que se construam, em boa alvenaria, pelo menos em cada ponto do território nacional onde uma propriedade se possa pôr em dúvida, um Quartel, uma Escola, um Hospital, uma agência do Banco do Brasil, uma agência dos Correios, um Juizado Especial Cível e Criminal, um armazém, uma pista de pouso não clandestina, uma Delegacia da Polícia Federal, que se cuide de dar a cada um desses pontos água encanada, esgoto tratado, luz e telefone, que cada um deles se ponha interligado a todos os demais por uma rede ferroviária mesmo que de bitola estreita – e que se resolvam dúvidas estúpidas e falsas questões de uma vez por todas. Tal como elas sempre se resolveram. No mundo inteiro. Na mais santa paz. Sempre que não foi necessário o recurso às armas.
Que estamos ainda esperando? Que os Senhores Juízes, Deputados, Senadores, Ministros, Presidentes da República se predisponham a aprender a ler e a fazer contas, a estudar História e Geografia e finalmente a não mais cometer sandices? Estamos esperando que o próprio Soberano seja posto em dúvida? Ou estamos esperando que ele abdique? Por quê?
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Brasil -30/10/2012 18h11 –
Bruno Peres
Deputados pedem manifestação de Dilma sobre caso guarani-kaiowá
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara vai enviar carta à presidente Dilma Rousseff com um apelo para que o Executivo se manifeste sobre a situação dos índios Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, que estão em conflito com fazendeiros na cidade de Iguatemi. Um documento alertando para essa situação também será remetido pela comissão à Organização das Nações Unidas (ONU).
Na semana passada, 170 indígenas das etnias Guarani e Kaiowá divulgaram carta na internet, informando que descumprirão decisão judicial que obriga as tribos a deixar uma área de dois hectares que ocupam, há um ano, nas proximidades de Iguatemi. Segundo eles, a região, localizada entre uma reserva e uma propriedade rural, teria pertencido a seus ancestrais. No texto, eles afirmam que lutarão até morrer, mas que não deixarão o local.
Em carta a ser entregue a Dilma, os deputados citarão relatórios do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que abordam casos de suicídios entre os indígenas ocorridos nos últimos anos em função, segundo informou a comissão, da “desesperança” com perdas em disputas judiciais envolvendo litígio de terras.
A comissão vai cobrar que a Fundação Nacional do Índio (Funai) conclua estudos antropológicos que demonstrariam que a terra localizada na região de conflito pertence a ancestrais dos indígenas e pedirão que, “institucionalmente”, o Executivo cobre responsabilidades do Legislativo e do Judiciário com relação às competências de cada um na garantia dos direitos dos indígenas.
Na segunda-feira, Dilma convocou uma reunião de emergência com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, para tratar da situação dos índios Guarani e Kaiowá.
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