Quando vemos, filmadas ou descritas por quem quer que tenham sido, as últimas cenas exibidas nas ruas ou na Tribuna do Senado, as que nos mostram como são pranteados aqueles que se dedicaram, com muito ou pouco talento, a cantar em verso e prosa o ódio destilado contra a classe média e, por azar, encontraram a morte pelas mãos de seja lá também quem for;
– quando vemos que se pretende levar, a uma população de destemidos ignorantes irresponsáveis (que votam!), a idéia de que “o funk” ou qualquer outro grupo “guerrilheiro” ou “ex-guerrilheiro” que pregue atitudes “guerreiras” só deseja a paz, ou a idéia de que fazer Política será promover uma festa popular nas calçadas do Copacabana Palace;
– quando vemos que é permitido que qualquer um avente uma analogia alegre entre os impropérios emitidos por uma grande ou uma pequena multidão e o massacre histórico havido nos jardins das Tulherias e que torça publicamente por efeitos semelhantes;
– quando vemos que se pede em praça pública as cabeças de um Presidente e de um Governador que foram “democraticamente eleitos” sem que se projetem os efeitos de sua repentina substituição por ninguém ou por alguém que, por pertencer ao mesmo meio, por certo haverá de merecer igual tratamento posterior;
– quando, após ter-se logrado liberdade para que se ministrem instruções do “política e sexualmente correto” a partir das Escolas mais básicas, vemos que se reclama liberdade para quem decida recorrer a alucinógenos, para que os corpos possam exibir-se nus ou travestidos, para que neles possam ser espetados seringas e badulaques, enxertados cacarecos de silicone, rabiscadas idiotices;
– quando vemos que se exigem passes livres para o transporte no asfalto das grandes cidades e outros “direitos” urbanos mais, que devam ser obtidos à custa de impostos que todos se recusam a pagar etc. etc.,
– quando vemos, repito, essas cenas todas ou lemos a respeito delas e as comparamos com as deste vídeo produzido pela Rede Globo (oh! produzido pela Rede Globo?!?) a respeito das obras prometidas para combater a seca no Nordeste (seca que se alastra no Sul, prometendo ser tratada da mesma forma), podemos ter noção aproximada do contorno e do volume do tudo que está política ou culturalmente errado neste nosso País:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=EQ9IieacRAY#t=475sfarl
Porque apenas isto é o Brasil. O Brasil é o que se vê neste vídeo, mesmo que ele se repita com ligeiras diferenças em diferentes locais. Um Brasil que quem condena e evita a Rede Globo enquanto se rende ao que aprende com os programas das demais emissoras, especialmente as de programação dita “culta” ou “erudita”, e com o que possa ser divulgado por qualquer um pelo facebook, não viu e não vê – porque só vê o que quer ver e, então, não vê a Globo, porque ouviu dizer que a Globo só expõe o que “não deveria” expor. Esse vídeo, que foi exibido pela Globo, é o Brasil que ninguém conhece nem alguém quer conhecer – exceto para tentar tirar dele algum proveito imediato. Essa gente, neste vídeo que é… da Globo, oh!, é a nossa gente, uma gente igual a nós, pela qual devemos nos sentir também responsáveis. Esse não é aquele falso Brasil, o que se diz “politizado”, que exige que a Imprensa (só) publique o que “o povo deve saber”.
Na Caatinga, que é nossa (que representa 10% do nosso território, que se estende por Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, que já alcança o Norte de Minas Gerais e está em expansão), ninguém se preocupa com ostentar correntes no pescoço ou argolas no nariz porque nem o gado que de fato gado é (mas é um gado limpo, forte e bonito quando bem alimentado) os carrega; na Caatinga, uma angústia cinzenta se desenha em cada rosto que vemos sem máscara alguma, sem lambuzar-se de tintas de qualquer cor; na Caatinga, não as drogas chiques ou populares, mas beber água pode ser considerado um vício, ou oscilar entre um vício e um desperdício, e todos têm no bolso um passaporte e um passe-livre para conhecer a morte de perto a cada dia do ano. Na Caatinga, a morte chega também com a água contaminada que é distribuída por caminhões-pipa. Na Caatinga, ninguém faz fila para ver o lançamento do mais novo filme de horror produzido – o horror estará disponível a todos, sem censura, no quintal de cada casa. E não há falta de símbolos medonhos a copiar – o símbolo vivo da região será um abutre pousado em um galho retorcido ao lado de uma pilha de ossos. Basta para tanto que não chova quando deve chover. Ali, qualquer promessa absurda de qualquer cretino que se indique como um “estadista” se reverte em votos, e não porque aquela nossa gente seja ignorante ou estúpida, mas porque o desespero a induz a querer acreditar em qualquer promessa absurda. Que, se não cumprida, será sempre uma promessa não cobrada, porque não haverá como cobrá-la. Para aquela gente, que é a nossa gente, igual a nós, qualquer político de qualquer Partido ou qualquer protesto espontâneo ou organizado valerá a mesma coisa – valerá nada.
Reclamamos da violência urbana? Reclamamos de “a violência”, não mais, genericamente, qualquer que seja ela? O que mais nos violenta não será a repressão aos narcotraficantes ou aos desmandos produzidos por palavras de ordem repetidas sob o comando de não se sabe quem. O que mais nos violenta é, sim, a alienação absoluta desses todos que se dizem “o povo”, os que, com demandas desarticuladas e sem qualquer nexo com as prioridades exigidas pela realidade (às quais uma reportagem de um canal de televisão “informativa” – que não é o da Globo – sugere e estimula a que se acrescente a de uma “plaza” para abrigar as evoluções de paulistanos “profissionais do skate” e demais aficionados dessa “arte”), vão às ruas destruindo o muito pouco que de bem feito ainda mantemos e acreditam que, assim, extirparão o muito que é muito mal feito (mas que fazer com a cabeça mal feita dele mesmo, esse “o povo”?). O que mais nos violenta é a alienação dos que se julgam com direito divino a escrachar quem lhes faz cócegas, a quebrar vidraças, a pôr fogo no que encontram pela frente, a homenagear guerrilheiros de botequim e a propor substituir o nome das ruas, a pichar muros e monumentos e a se enrolar na Bandeira Nacional como se fosse ela uma alegoria carnavalesca que existisse apenas para proteger a baderna. O que mais nos violenta é a alienação de quem os tolera e mais ainda nos violenta a alienação de quem os incita ou ajuda a incitá-los. O que mais nos violenta é a alienação dos que exaltam os feitos de patifes velhos e de patifes novos que nada têm a ver conosco ou muito menos têm algo com nossos reais problemas, exceto se os provocaram, e nossos reais interesses: os que apenas alegam querer acudir a prioridades mais amplas e urgentes que a de encher seus próprios bolsos e adubar suas próprias vaidades até se tornarem “celebridades”, obterem títulos honoríficos e outras benesses da pseudointelectualidade supranacional, e acumularem um rebanho de fãs incondicionais que os segue e lhes perpetua essas benesses. O que mais nos violenta é a atitude de gente pequena, mesquinha, que não sabe onde pisa e quer indicar caminhos, deixando o futuro ao Deus dará porque não enxerga um palmo à sua frente nem quer enxergar. O que mais nos violenta é a seca braba intelectual que contamina e estorrica todos os cérebros nacionais e a moral nacional. E seria o caso de nos perguntarmos a quem exatamente, a Globo e as demais emissoras dedicariam, afinal, aqueles programas que podemos considerar como sendo os piores programas da TV, incluindo-se nessa lista alguns noticiários, alguns “documentários” e “entrevistas” pré-fabricados…
Que ninguém mais confunda manipulação com esclarecimento nem carnaval com realidade. Que ninguém nos venha dizer que o Nordeste vem sendo carregado pelo Sudeste e que, por isso, o Sudeste merecerá um número ainda maior de oportunistas choramingões a representar “o povo brasileiro” no Congresso. Muito menos quem, gozando de ampla e absoluta liberdade, milite em prol da desunião e da fragmentação nacional nos venha querer convencer e nos impor sua “causa” com discursos recheados de argumentos baratos tais como “um novo pacto federativo”, ”direitos humanos”, “revoluções verdes”, “bem da humanidade”, “paz mundial” ou, tanto faz, ”segurança internacional”. Não permitamos mais essas conversas, que de mansas nada têm, que são concebidas e mantidas para que o Brasil que é de fato Brasil se enrosque e se encolha no já supostamente seu antigo e esplêndido berço, berço que se vê quebrado, infectado e roído pelos ratos cujas pulgas se aninham em “feudos” de identidade duvidosa, prontas para nos saltar em cima e nos sugar. A quem for capaz de somar dois com dois e encontrar quatro essas conversas sonsas só poderão provocar asco!
Nada do que façamos iludidos por novidades “modernas” ou “pós-modernas” nos trará qualquer benefício. Não há um único princípio novo que nos possa guiar a qualquer melhor destino nem sequer um único indício de que, algum dia, possa haver. E nossos problemas e nossos sonhos não poderão continuar se resumindo a poder oferecer solução a problemas dos outros e a acudir a sonhos alheios que nos tenham sido jogados no colo e dos quais, já há algum tempo, resolvemos nos encarregar de cuidar. O fato é que não teremos condição alguma de dar solução a nossos problemas reais, que são os nossos problemas reais, e acudir aos verdadeiros sonhos de todos nós, que não serão os delírios de quem quer que seja, enquanto não substituirmos, em nossa consciência mesma, a expectativa insana de que a politicagem eleitoral se torne, um bom dia, “transparente”, e não mais carregue em si mesma a corrupção, pelo exercício de fato do que é Política de fato; enquanto não tivermos alguma noção, rasa que seja, do que é e deve ser um Estado Nacional; enquanto não tivermos consciência plena de nossas imensas e extremamente pesadas responsabilidades.
Todo o resto, que se espalha e que se espelha em reivindicações de origem supranacional, por mais bonito e mais “vanguarda” que nos possa parecer, nada mais é que farofa. Farofa que é feita, em grandes ou pequenas panelas, por farofeiros. Para que só dela nos alimentemos. E para que eles todos prossigam lucrando à sua maneira, e à sua maneira se divertindo.
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(Palmeira dos Índios, a “Princesa do Sertão”, onde nasceu Graciliano Ramos, sede do Município do mesmo nome que produz pinha, caju, manga e leite, tem indústrias de laticínios e de transformação da cana-de-açúcar, é a terceira cidade de Alagoas, localizada na divisa com Pernambuco, com mais ou menos 70.500 habitantes)
Maceió
Água que mata: reportagem investiga causas do surto de diarreia em Alagoas
09:27 – 17/07/2013Da Redação
Ministério da Saúde atribui causa de surto à qualidade da água distribuída
O surto de diarreia continua a preocupar a população alagoana. Já chegou a 70 mil o número de pessoas infectadas e já foram registradas 37 mortes no estado só em 2013. O uso irregular de carros-pipas chegou a ser oficializado como a causa da pior de epidemia de doenças diarréicas em Alagoas desde 1993, mas a origem do problema não é bem este. É o que mostra a investigação da equipe da TV Pajuçara sobre o problema, que começou a ser exibida na série de reportagem “Àgua que mata”.
O Ministério da Saúde atribuiu a causa da epidemia à qualidade da água distribuída em carros-pipas, mas a série mostra que um conjunto de problemas, como chuvas e falta de saneamento, levaram a essa situação. O surto de diarreia começou em Palmeira dos Índios e logo se alastrou por 27 cidades alagoanas. Outros 40 municípios estão em estado de alerta.
Uma comparação com os casos registrado em 2012 mostra a dimensão da epidemia enfrentada nessas regiões. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), nas primeiras 23 semanas do ano passado foram 34 mil casos da doença. No mesmo período de 2013, esse número subiu para 54 mil.
Ainda segundo a Sesau, 37 pacientes infectados morreram. Só em Palmeira dos Índios, foram dez mortes. “Geralmente esses pacientes são crianças ou idosos, que devido à desidratação violenta vem a óbito”, disse Maria Elisabeth, diretora da Vigilância Ambiental de Saúde..
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