Pois é… Vivo aqui me repetindo, insistindo em que neste País ninguém mais tem a mínima noção do que seja um Estado e que ninguém quer ter.
Mas fiquem tranquilos, porque não vou aqui levantar quaisquer questões teóricas e muito e muito chatas. Levanto apenas as questões que se colocaram em um texto que recebi (e mantém-se abaixo).
E só as comento porque fiquei, eu cá, imaginando por que razão um tão valoroso camarada, militante da ONG Tortura Nunca Mais, ter-se-ia colocado, em argumentos incontestáveis, tão bravamente contra o que chamou de “A Guarda Pretoriana de Dilma Rousseff”, classificando-a como uma inconstitucional Polícia do Executivo. Difícil não achar estranho, pois o Governo Rousseff é reconhecido como sendo de esquerda e, por acaso, ou nem tão por acaso assim, vem emprestando autoridade ampla geral e irrestrita àquela ONG, cujos militantes vêm gozando de liberdade também ampla, geral e irrestrita…
Compreender esse porquê, de cara, só pela leitura do título do texto, ou pela leitura dele mais o primeiro parágrafo, seria um bocado difícil.
Mas ficou fácil depois de ter lido o texto por inteiro.
É porque a recém-criada “Companhia de Operações Ambientais” da Força Nacional de Segurança terá executado uma “operação de guerra que invadiu terras, inclusive áreas de caça das aldeias indígenas do povo Munduruku “ … Esse contingente militar de repressão poderá ser usado contra populações … que lutam pelo direito a serem ouvidas sobre os impactos … nas suas próprias vidas e no direito à existência digna, tal como já está ocorrendo com os ribeirinhos e indígenas do rio Tapajós.”
Viram só? Deu pra entender. Ficou fácil. Fácil, fácil.
O razão do exaltado libelo não é bem a criação de uma Força de Segurança extra (que, mal ou bem, por ser Polícia, até poderá evitar o desgaste das FFAA… caso a hierarquia de Comando seja mantida em eventuais operações conjuntas) – é a perturbação dos sagrados direitos de caça do povo Munduruku e os inconvenientes impactos na vida dos ribeirinhos e indígenas do rio Tapajós causados pela “construção de hidrelétricas, pelo menos 7 delas”! Vejam só o absurdo! Isso, em territórios que, por princípio, são da União, mas… foram invadidos (em “incursão militar”!)… pela União… que bem poderá querer invadir outros tantos territórios… da… UNIÃO…!
Além de que, ponderemos, essa “nova divisão operacional dentro da Força Nacional terá por atribuições: apoiar ações de fiscalização ambiental, atuar na prevenção a crimes ambientais, executar tarefas de defesa civil, auxiliar na investigação de crimes ambientais, e, finalmente, ‘prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos’”…É grave, isso. É muito grave. Não, não é possível contemporizar. Tudo isso é, realmente, de uma violência absolutamente injustificada! Absurda! Merece muito mais que um texto. Merece um vídeo colorido no youtube! Com fundo musical! Merece uma coleção de depoimentos de celebridades que efetivamente entendam desses problemas todos! Merece uma manifestação do Femen! Merece, aliás, amplo repúdio internacional!
Por acaso seria de esperar que um destemido militante de tão atenta ONG não se lançasse furiosamente contra uma Força militar que pudesse, alguma vez, ser empregada “em qualquer parte do país … sem a necessidade de qualquer autorização judicial” por especificas razões de Estado quaisquer? Está certo, ele! Tudo seja feito em nome da “nova ordem internacional” e da… paz mundial!
Ainda bem que consegui compreender. Ufa! É que nem sempre compreendo muito bem as coisas.
Mas ainda me resta, agora, tentar adivinhar por que cargas d’água recebi tão nobre opinião e tão fundamentada denúncia sem que lhes fosse acrescentada qualquer crítica – pelo contrário, acrescentaram-se ao envio apenas insinuações que as avalizam.
Seria para que as pudesse divulgar sem comentários? Porque elas são corretas, são honrosas?
Bem, além de que alguém saísse lucrando com essa divulgação – e esse alguém, com certeza, nem seria eu nem seriam os meus – por que outra razão eu a deveria facilitar, exatamente?
Pensar não é muito fácil, eu sei, é mesmo um bocado difícil; mas vou tentar pensar um pouquinho mais nesse assunto… Prometo!
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